Certamente, em algum momento da vida, você já sofreu por falta de água na sua casa. Normalmente, dura algumas horas, em alguns lugares podem durar dias, ou mesmo ser uma realidade recorrente (infelizmente). E isso não é só no Brasil… A escassez de água potável no mundo, leva dezenas de milhares de pessoas a óbito todos os anos, em tantos outros países em desenvolvimento, sem que desastres naturais aconteçam. Essa é uma condição que infelizmente faz parte do cotidiano e da realidade que vivemos. Tecnologias que filtrem águas impróprias são de alto custo, exigem estruturas elaboradas e consomem uma grande quantidade de energia, ou seja, insustentável e inacessível. Em busca de melhoras significativas nesse cenário, pesquisadores desenvolveram um dispositivo capaz de solucionar esse problema de uma forma um tanto simples e barata. Parece loucura, mas é realidade…
O dispositivo, que ainda não recebeu um nome, foi construído a partir da combinação de vários materiais híbridos de hidrogéis (uma substância em gel, com a função semelhante à de um filtro) e polímeros (macromoléculas combinadas com várias partes que se repetem, exemplo, plásticos, fibras, elastômeros), que mistura propriedades hidrofílicas (atraem a água) e semicondutoras (adesão de energia solar à superfície sólida do dispositivo). A estrutura permite a produção de vapor de água, a partir de uma quantidade relativamente pequena de energia solar, sem a necessidade do uso de instrumentos ópticos para concentrar a luz solar em um mesmo local. A destilação, separação de duas misturas homogêneas, é um método bastante utilizado para a produção de água doce em larga escala, e o “único” impedimento aqui são seus altos custos e consumo de energia.
A água é colocada em um frasco de vidro com um evaporador que possui em sua estrutura hidrogéis e nanopartículas. O evaporador fica flutuando em seu topo, e é colocado sob a luz solar para fazer “a mágica”. O vapor da água é gerado na superfície do hidrogel, e é capturado por um condensador transparente onde a água fica armazenada.
Para testar a funcionalidade do dispositivo, os pesquisadores utilizaram as águas do Mar Morto, que possui uma salinidade cerca de 34% maior do que a salinidade padrão da maioria dos oceanos. Após a filtragem no dispositivo, a água potável se encaixou nos padrões aceitos pela Organização Mundial da Saúde, OMS, e pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA. Os pesquisadores afirmaram que é possível produzir até 25 litros por m³ de água potável e que isso é mais do que suficiente para atender as demandas domésticas de áreas atingidas por algum desastre.
Isso representa uma solução para a escassez de água no Planeta?
Não existe uma data para que a pesquisa se reverta em produto comercial. Outros dispositivos estão sendo testados, e o avanço dessas tecnologias, em conjunto, pode sim ser a solução para esse grave problema. Nos resta aguardar a aprovação e a comercialização dessas inovações, para que elas cheguem às pessoas que precisam o mais rápido possível.
Fonte: Nature.